Por Maria Celia de Abreu (#)
O gerontólogo, o educador e o psicoterapeuta que domina a teoria do desenvolvimento epigenético da personalidade, criada pelo psicanalista Erik Erikson, dispõe de uma estrutura valiosa para compreender questões complexas que se desenrolam ao longo da vida, e para lidar com elas.
Erik Erikson propõe que o desenvolvimento da personalidade é contínuo, ocorre ao longo da vida inteira, e não apenas na infância. Da compreensão de fases que se sucedem para todos, ao longo de toda a vida, decorre a proposta de busca de bem-estar em cada fase, o que é diferente de tratar patologias.
Erik Erikson também é pioneiro ao criar uma abordagem holística do desenvolvimento da personalidade; integra a psicologia com a antropologia cultural; reconhece que o desenvolvimento é influenciado por fatores sociais, históricos e culturais. Intervenções terapêuticas e estratégias educacionais precisam levar em conta, além de fatores biológicos e pessoais, as características da fase que a pessoa está atravessando naquele momento, a influência de questões mal (ou bem) resolvidas em estágios anteriores, e o contexto social do paciente ou educando.
Segundo Erik Erikson, o desenvolvimento da personalidade pode ser compreendido em oito estágios (ou nove: Joan Erikson, sua colaboradora e esposa, propõe mais um estágio, depois que ele morreu) que se sucedem e são interdependentes. Em cada estágio há uma crise psicossocial a ser resolvida; há um conflito entre dois elementos, um conciliador e outro desestabilizador; se o conflito for superado, resulta uma virtude psicossocial, e a pessoa fica apta a passar para o próximo estágio. Se não ocorrer uma boa resolução da crise, os estágios seguintes ficam comprometidos com um desajuste cognitivo ou emocional. Esse processo não consiste numa simples sequência de fases: há uma complementariedade entre todos os estágios. O educador, o psicoterapeuta ou o gerontólogo pode propiciar as melhores condições possíveis para a resolução do conflito dentro do momento adequado para isso, bem como pode ajudar a recuperar comprometimentos advindos de fases anteriores.
O oitavo estágio, por exemplo, onde o conflito é entre a integridade do ego versus o desespero, é resultado da evolução obtida ao longo da vida, em todos os sete estágios que o precederam; se foi bem-sucedida, se os conflitos de cada fase foram bem resolvidos, as virtudes psicossociais surgidas forjaram uma maturidade capaz de levar a pessoa a aceitar o declínio físico e a morte. O processo fundamental para se chegar a essa solução de crise é a revisão de vida. A virtude obtida neste estágio é a sabedoria, expressa pela satisfação com a vida e a compreensão do seu sentido.
Entrar em contato com a produção intelectual de Erik Erikson amplia horizontes, dá segurança para agir e indica respostas práticas e viáveis a questionamentos frequentes. É uma teoria operacional e abrangente.
(*) Maria Celia de Abreu é psicóloga e coordenadora do Ideac
Para saber mais você pode conferir gratuitamente o curso Sobre Eric Erikson no Canal O novo da velhice, do Ideac, no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=rsrsfFgMJys&list=PL7FYaSYqPzYhAbjtGg1dwt5YR2541B9FG
(Foto Jader Andrade)
Maria Célia, que bom vc trazer o Éric de corpo inteiro.
Eu tenho divulgado a etapa que estou vivendo, (nona) sempre de improviso, para um público misturado. Fico pensando… é melhor divulgar assim ou…,deixa pra lá!
Abraço mestra!
O importante é divulgar o trabalho dele que foi pioneiro, obrigada Martinelli, abraços