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Aprender ou não aprender, essa é uma questão?

Por Maria Celia de Abreu (*)

 

Por que será que o Ideac, que muito preza o conhecimento alcançado pela Ciência, insiste, há anos, em oferecer cursos sobre temas variados, mas sempre com alguma ligação com o envelhecimento, e convida pessoas mais velhas a aprenderem nesses cursos?

Aprendizagem é um processo que cria modificações comportamentais, perceptuais ou de valores, que são relativamente estáveis. Elas não se devem a condições corporais ou ambientais, que geram mudanças passageiras, como a fadiga, uma doença, a ação do álcool ou de outras drogas, por exemplo.

Fisiologicamente, o aprender cria caminhos entre neurônios, o que permite que sejamos resilientes e previne (ou retarda) demências cognitivas. Socialmente, são as nossas aprendizagens que nos inserem neste mundo que progride vertiginosamente

 e que nos dão possibilidade de ter relacionamentos positivos e prazerosos, com pessoas as mais diversas. Pessoalmente, o aprender é fonte de realização, de prazer, de se sentir útil e importante. Essas consequências das aprendizagens são verdadeiras para todas as fases da vida humana.

É por isso que, dentro do universo que mais interessa ao Ideac – a população mais velha – o título deste artigo: “aprender ou não aprender”, não é questão coisa nenhuma… para nós, do Ideac, a estrada do “não aprender”, para os mais velhos, está sinalizada com uma grande placa: “Trânsito Proibido”.

Além disso, na estrada da vida, que percorremos entre nosso nascimento e o fim, não existe a opção de ficar parado: ou se anda para a frente, ou se anda para trás.

Dá muita pena, dor e revolta cruzar com a colossal falácia de que pessoas mais velhas não aprendem mais, ou então só aprendem com enormes dificuldades. É uma falsa crença, impregnada de idadismo,  preconceito que considera as pessoas mais velhas como cidadãos de segunda categoria. Crença falsa e perniciosa.

A aprendizagem é diferente conforme a etapa da vida, só isso. Ninguém vai querer que um adolescente aprenda do mesmo jeito que um bebê! As pessoas mais velhas também têm características próprias: insistir para que assimilem com os mesmos métodos pedagógicos, arranjos ambientais e ritmo que pessoas de qualquer outra faixa etária tem alta probabilidade de resultar em fracasso, frustrando o aprendiz e o mestre…

A pessoa mais velha é crítica: ela quer saber em que vai dar toda aquela energia e tempo que a aprendizagem vai exigir dela. Se compreender qual é a necessidade e o valor de, qual o impacto que ela vai ter na vida prática, no emocional, no social dela, e avaliar essas consequências como positivas, a pessoa mais velha vai se empenhar. Se ela tiver uma noção de quais serão as estratégias que serão empregadas para facilitar o processo, ela vai se sentir confiante e segura. Se se perceber como parte do processo, podendo contribuir, indagar, interagir com orientadores e companheiros, ter uma valorização de conhecimentos prévios que tenha sobre o tema a ser tratado, ela vai se tornar uma colaboradora ativa da própria modificação. Não vai se sentir inferior ou incapaz, mesmo que seu ritmo seja lento e que precise de uma quantidade considerável de repetições para assimilar o novo.

Uma pessoa mais velha se recusa a aprender por imposição, sem ter uma visão do todo onde aquela aprendizagem se insere. Toda aprendizagem exige empenho, e a pessoa mais velha valoriza o próprio empenho. Portanto, ela aprende, sim, mas o conhecimento precisa ser significativo, precisa fazer sentido e ter valor.

Para finalizar… deixo um probleminha para sua reflexão, meu caro leitor: depois de tudo o que afirmei neste artigo sobre o processo de aprendizagem nas etapas finais do ciclo de vida, você ainda hesita em vir aprender nos cursos do Ideac?

Repetimos tanto uma ideia no Ideac, que ela se tornou um refrão: dá trabalho! Envelhecer dá trabalho, ser saudável dá trabalho, ser feliz dá trabalho, por que aprender não daria trabalho?  Será possível que você hesita porque… não quer ter trabalho?… Ter trabalho ou não ter trabalho, essa não é uma questão!

(*) Maria Celia de Abreu é psicóloga, escritora e coordenadora do Ideac

(Foto Jader Andrade)

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12 Comentários
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Suely Tonarque
Suely Tonarque
1 mês atrás

Texto maravilhoso

Cleide Martins
Cleide Martins
1 mês atrás

Foi no Ideac que entendi que aprender sempre é possível sim . Essa reflexão de Maria Celia me ensina mais : além de possível é necessário aprender , sempre ! Muita gratidão por me permitir vivenciar essa possibilidade !

Francine Forte
Francine Forte
1 mês atrás

Que convite maravilhoso, no Ideac , alem do conhecimento compartilhado, há um grande inventivo para continuarmos ativos. Obrigafa

Maria Lucia Di Giovanni
Maria Lucia Di Giovanni
1 mês atrás

Muito bom Maria Célia! Ter a vida nas mãos da trabalho!…

Marli Corrales Henriques
Marli Corrales Henriques
1 mês atrás

Parabéns Maria Célia pelo texto. Coloca a todos a importância da aprendizagem.
Escolher o IDEAC, tem sido para mim, uma excelente opção!
Fiz , faço e farei vários cursos do IDEAC. E em cada um saio não so com novas abordagens mas encarando a vida de uma forma melhor.

Tatiana
Tatiana
1 mês atrás

Delicioso ter esses tipos de trabalho!!! Maria Celia vc consegue em poucas e lindas palavras me levar a curtir mais ainda o prazer de aprender!!! Sabemos bem que às vezes a preguiça toma conta, mas logo manter a preguiça começa a dar trabalho. E ficamos querendo renovar energias com o melhor, seja lendo, conversando ou estudando!!!
Obrigado!