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As mudanças nossas de cada dia


“Conhece – te a ti mesma”

(Sócrates)

(Só permanece vivo, quem faz mudanças)

Suely Tonarque (*)

Desde que somos gerados, quando o espermatozoide fecunda o óvulo, vamos nos transformando. Primeiro nove meses na barriga da nossa mãe (que pode ser nove meses no paraíso, dependendo, e tudo é DELA, da mãe), e alguns incidentes podem ocorrer quando o parto é prematuro. Nascemos, e ao cordão umbilical ser cortado, o ar entra nos nossos pulmões e explode o primeiro choro.
Na época do meu nascimento (1951) meus pais moravam em Rancharia (SP), não havia hospitais nem maternidades, ainda estavam em construção; só o meu último irmão (quinto filho) nasceu no hospital que já estava pronto, isto é, cinco anos após o meu nascimento. Sendo assim Sonia, Beto e Duda todos nasceram com a colaboração da “parteira”, todos os partos foram normais. Conto tudo isso para resgatar a minha (nossa) memória e os processos de transformações de meu (nosso) corpo. As primeiras roupinhas feitas com dedicação das minhas tias e da minha avó. Na época não havia magazines, lojas e confecções especializadas como existem nos dias de hoje.

O primeiro ano de vida com festinhas e fotos, 5,6,7 anos, as brincadeiras dos desfiles (conto esta passagem no meu livro “Vestir com os desafios do envelhecimento”. Adolescência, maturidade e agora a velhice. As mudanças do nosso corpo vão acontecendo gradativamente, devagar, são tão sutis que não percebemos e sentimos muito pouco. Quando damos conta da fugacidade do tempo, muita coisa se passou e estamos velhos.

Lembro-me dos 14 aos 17 anos, tempo da adolescência, quanta timidez de constatar meu corpo em transformação. Antes eu achava que o mais difícil seria o nosso corpo na velhice. Mas outro dia conversando com uma amiga, fui mudando o meu pensamento e o meu olhar para este recorte das experiências vivenciados na adolescência. Encabulava-me com tudo. Fruto além das inúmeras transformações, desde o cabelo até o número de sapato que passei a usar (37), quando quase todas as primas usavam de 34 a 36.
Nas nossas velhices o nosso corpo é outro, também somos outras pessoas neste caminhar. E se até aqui chegamos com saúde, conhecendo um pouco das nossas transformações, conscientes da nossa sabedoria dos nossos desejos, sabemos que estamos conjugando bem o corpo com as nossas emoções e escolhas.

É verdade que, em alguns momentos, temos ainda ilusão e tentamos negar as transformações do nosso corpo.
Continuamos a consumir e nos vestir tal qual quando éramos mais jovens, isto é, roupas justas e coladas, mesmo com a barriga acentuada, seios e bundas volumosos, entre outras mudanças físicas.

Às vezes, tenho a impressão de que para essas pessoas o tempo não passou (com respeito e afeto para com as minha amigas e clientes que permaneceram e permanecem deste mesmo jeito); acredito que estamos como o mundo em constantes mudanças. Só a morte significa paralisia e permanência.

A liberdade das nossas escolhas ao se vestir é singular, a clareza e conhecimento das mudanças também é necessário para que “fique” mais leve conviver com as nossas velhices. Chego na minha velhice com a constatação do quanto é difícil viver sem a permissão para as transformações, sejam elas do corpo, das ideias, das relações do nosso dia a dia.

Somos potências em constante transformação, assim como o nosso corpo: descontruímos, reconstruímos, ressignificamos nossa vida. Nem sempre prestamos atenção em nós mesmos e tomamos consciência desse vir a ser constante.

Quero terminar, prestando uma homenagem, mesmo atrasada, ao Dia Internacional da Mulher. Sem dúvida, as mulheres fisicamente são as que mais se transformam – a gestação, o parto, o cuidar das crianças, dos idosos, etc.  Plurais, promovem jogos de mudanças em todas as áreas de sua vida.

 Nesta reflexão procurei ser democrática, respeitando as escolhas e as histórias de cada uma e, ao mesmo tempo, de todas as mulheres. Espero contar com a compreensão de todas e de todos.

(*) Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer

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