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Desfile da inclusão

Suely Tonarque (*)

Foi mágico poder apresentar o desfile da dudabyduda realizado no Festival Internacional Perfume de Mulher, no Circolo Italiano, no Edifício Itália. Participantes e plateia descobriram que moda é para todos e na passarela desfilaram mulheres mais velhas, cadeirantes, pessoas acima do peso, provando que o importante é o desejo de estar ali naquele espaço.

Vestir o corpo às vezes parece uma tarefa fácil: escolhe, pronto e ponto, mas não é bem assim. Exige olhar, sensibilidade, cuidado, identificação com os tecidos, procurar conforto na sua primeira casa, ou melhor, deixar o nosso corpo acolhido. Durante uma semana, as pessoas com o desejo da passarela viam e apreciavam cada momento, escolhiam um e depois desescolhiam ou escolhiam outro que ainda não tinham provado, essa pulseira, esse brinco, essa pashimina, o sapato, a bolsa. E a pergunta de quem quer muito mais: – Vamos ensaiar?

Fiquei encantada com a indecisão de uma das modelos sem saber se usaria ou não os brincos. Hesitou, e lembrei da personagem de Clarice Lispector, na página 16 da obra Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres: “queria orelhas apenas delicadas e simples, alguma coisa modestamente nua, hesitou mais” …

Outra recordação veio da carta de uma amiga para os pais (1972): “Meus queridos pais, sinto saudades das conversas, das brincadeiras, do arroz com feijão, da farofa, do ovo frito da mãe e não esqueço nunca o aroma do cafezinho logo cedo. Aqui, trabalho o dia todo na Editora Abril, como secretária, e à noite faço curso de manequim. Quero realizar o sonho de subir numa passarela…”

Nessa semana, pude sentir o sonho de cada amiga que veio para as escolhas do vestido, a alegria, o desejo, o sonho da passarela! Foram momentos ricos e intensos para o dia D. E ele aconteceu com a elegância de cada participante, com a entrega e a coragem de desfilar com a leveza de um sonho concretizado estampado no semblante; nos gestos, ao se apresentarem, o sorriso e o olhar caminhavam juntos, a fala de algumas tinha o eco da emoção e foi o todo preenchido, o vazio saiu despido sem cores e abatido!

A energia do viver tomou conta e os aplausos se estenderam com música e a dança dos corpos vestidos de dudabyduda deu brilho especial a cada desfilante.

Cantamos e dançamos “Tempos Modernos”, ao som de Lulu Santos:

“Eu vejo a vida melhor no futuro

Eu vejo isso por cima de um muro

De hipocrisia que insiste em nos rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta

Repleta de toda satisfação

Que se tem direito

Do firmamento ao chão

Eu quero crer no amor numa boa

Que isso valha pra qualquer pessoa

Que realizar a força que tem uma paixão […]”

(*) Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer

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Jader Santos Andrade
Jader Santos Andrade
1 dia atrás

Que legal! Incluir com respeito: sempre necessário!!

dearaujolucy@gmail.com
dearaujolucy@gmail.com
1 dia atrás

Querida amiga, fiquei emocionada aí ler e ver a foto! Parabéns pelo belo trabalho! Sucesso!

Rosa Silva
Rosa Silva
1 dia atrás

Foi maravilhoso poder fazer parte desse momento tão importante pra todos nós.

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