“O próprio velho tem preconceito contra o velho. Isso não é engraçado, isso é triste. Por exemplo, o velho diz que não vai namorar ou viajar sozinho porque é velho, mesmo que tenha as condições físicas, emocionais, cognitivas. Vai, vive, vai no que de melhor a vida pode trazer, não deixe de fazer as coisas.
Tem que ter bom senso, você não vai ser o primeiro bailarino do Municipal, mas quem diz que não pode dançar? O corpo sofre com o passar dos anos, é onde esse passar se mostra com mais vivacidade, mas isso não quer dizer doença. Velhice é uma coisa, doença é outra. Criança e jovens também ficam doentes. Claro que a probabilidade de ter mais doenças aumenta com a idade.
O psicanalista junguiano norte-americano James Hillman diz que a principal patologia da velhice é a nossa ideia da velhice. Então, está na hors de buscar novas ideias para o seu envelhecer.
A velhice é uma nova paisagem apenas. Esse é o conceito que eu gostaria que todos assumisssem. Muda o nosso modo de ver a vida e nosso modo de ver a velhice. Ele vai exigir de nós a qualidade da flexibilidade, a resiliência, ou seja, para me adaptar a uma nova paisagem eu preciso me desfazer das coisas que não me servem mais. Isso não quer dizer que não vou respeitar o passado ou ter um carinho por elas, mas eu não vou viver em função delas. Vou abrir meus horizontes, meus olhos e meu coração. Cuide do corpo, do espírito, das relações sociais e faça da sua velhice uma boa velhice.”
Maria Celia de Abreu, psicóloga, coordenadora do Ideac e autora de “Velhice, uma nova paisgem”, da Ed. Ágora (Grupo Summus)