Yaya de Andrade (*)
Eu participei de um retiro virtual do dia 31 de dezembro de 2021 até 5 de janeiro de 2022. Foi incrível em muitos níveis, mas especialmente no sentido espiritual. Me ajudou a retornar ou melhor, renovar meu “compasso moral,” com foco na vida como uma jornada. Foi cheio de encontros e senti gratidão e satisfação com o que eu tenho, quem sou, as pessoas que eu amo, o mundo onde vivo, e como posso ajudar outros em alguma forma.
Minha “família espiritual” – a Global Sangha – é uma descoberta, e acho maravilhoso encontrar um grupo de pessoas em várias partes do mundo tão dedicadas a fazer coisas relevantes para os outros. Quanto mais os conheço, mais admiro seus projetos, troco ideias, e tudo isso gera uma calma que continuo a manter. Agora pessoas entram diariamente (virtualmente) na minha paisagem. Não só um lago em frente à nossa casa acalma. Ah. A felicidade, amizade, e a alegria virtual estão valendo a pena nessa pandemia.
Seria um longo texto contar e descrever o que aconteceu no retiro, mas eu ouvi coisas interessantes de pessoas que conectaram temas com budismo: baleias que são tão generosas e geram comida para peixes; filmes e livros de ficção cientifica onde humanos aprendem muito sobre diversidade e harmonia com seres de outros planetas; programas de música contando historias do Buda; exercícios de “mindfulness” com o que existe ao nosso redor, e muito mais. Global Sangha é um agregado de pessoas envolvidas, vidas que inspiram e ajudam outros a viver bem.
Renovar implica em transformação, e agora tenho uma nova prática diária com um ritual que me leva a refletir em pontos relacionados com passado, presente e futuro. Minha confiança e fé continuam inalteráveis, e tenho certeza que, independente de circunstâncias difíceis que vivemos, podemos continuar vivendo com alegria e gratidão, sabendo que não existe só nosso poder intrínseco, mas um poder maior. Somos todos parte de um grande universo.
Parece que a Covid está deixando pessoas estressadas, e temos que entender que a proteção existe não só para nós, mas para os outros, e tem que ser revista quase que diariamente. Existem aqueles que talvez por ignorância do que está acontecendo, ou ignoram o que se sabe, e como todos nós, dão um significado baseado na percepção errada da realidade.
Acho que a ideia de se sentir com “livre poder” atrai pessoas que acham que não têm poder… e sabemos que existem aqueles que acham que podem fazer o que quiserem porque são livres e têm poder, enquanto outros invejosos desse poder, lidando com perdas, raiva, e medos, acabam se ligando nessas ideias, e ficam contra governo, ciência, civilização, e não entendem nem aceitam que não temos controle para tudo e todos. Eles acabam se destruindo, infectando outros, desrespeitando valores sociais. Tudo isso parece ir contra a corrente de generosidade e responsabilidade a todos.
Resolvi ir ao Brasil e espero ver pessoas, mas sem fanfarra, evitando eventos com muita gente, mesmo que familiares e amigos, porque com certeza vou continuar a me proteger e evitar propagar vírus. Quem sabe nos veremos. Tenha um bom dia, e olhe para as coisas ao teu redor e agradeça tudo e todos, sempre.
(*) Yaya de Andrade – Safety & Well-Being da Canadian Red Cross
foto Pixabay
