Ler um bom livro é um dos melhores prazeres da vida.
Maria Celia de Abreu (*)
Tive momentos ótimos com o recém-publicado “Logo mais, à noite, no Waldorf…”. São contos e crônicas que transpiram as qualidades do autor, Miguel Langone Jr.: ator, advogado, apaixonado por aviação, viajante, interessado e curioso por causas em geral (inclusive a longevidade), amante de literatura, especialmente teatro, observador, ouvinte, empático, divertido, elegante.
Realista, compara, em mais de um capítulo, o glamour das viagens de avião de anos atrás com as rotinas enfadonhas dos aeroportos de hoje e a deselegância das condições de voo. Detalhista, descreve lugares que conhece bem, como São Paulo, Paris e Nova York, nos levando a percorrer com ele suas ruas e seus encantos. Delirante e bem-humorado, cria (ou será que descreve?…) um acontecimento em Roma, em Rupert.
Em No Elevador, testemunhamos um curto momento, carregado de extrema sensualidade, talvez acontecido em alguma grande cidade do mundo. Almoço de crise leva o leitor a refletir sobre a existência de pequenos prazeres ao alcance da mão, desde que haja flexibilidade e otimismo para essas descobertas, e convida a muitas reflexões sobre o envelhecimento.
E Olhar as estrelas versa sobre o encontro de si mesmo, na solidão, através de uma sincera revisão do passado, levando a decisões sobre o presente, enquanto em O homem descalço nos deparamos com extremos de navegar entre futilidades mundanas, como festas, viagens, champanhe, smoking… e de manifestar uma rara empatia com outro ser humano, levando a gesto de generosidade de cortar o coração do leitor.
Os capítulos do “Logo mais, à noite, no Waldorf…” são muitos, todos saborosos. Comentei alguns, apanhados ao acaso, sem nenhuma pretensão de esgotar o livro ou de fazer uma crítica literária, apenas esperando despertar o apetite de outros leitores – para que tenham, como eu, momentos deliciosos. É um livro que sei que aqui e ali vou reler, porque ficou aninhado em minhas boas recordações.
(*) Maria Celia de Abreu é psicóloga, coordenadora do Ideac
(Na foto, Miguel, Maria Celia e o marido Silvio de Abreu)