Suely Tonarque (*)
Espero que no cotidiano de 2023 possamos nos presentear com generosidade envolvendo todos aqueles que estão próximos, distantes e, dentro na memória, estão vivos.
“Na doçura da velhice está a sabedoria e, nessa mesa, na cadeira vazia da outra cabeceira está o exemplo: é na memória do avô que dormem nossas raízes, no ancião que se alimentava da água e sal para nos prover de um verbo limpo…”.
(Lavoura Arcaica, pág. 58 – Raduan Nassar, Companhia da Letras).
Assim é possível caminhar cheios de esperança, movidos pelas aspirações de um mundo com mais amorosidade e agradecimentos aos que nos protegeram, ensinaram, educaram, fortificando nossas raízes e aceitaram nosso processo do envelhecimento.
No curso “Moda, Arte e Envelhecimento” que aconteceu no mês de novembro, no Ideac, tive o privilégio de conhecer pessoas especiais. As palavras abaixo foram ditas no primeiro dia de aula:
Magda – expectativa / Dena – mudanças / Angélica – surpresa / Mily – renovador / Nani – reconhecer / Dulce – novidades / Wilma – gratificante / Lilian – realização / Cris – colorido.
Durante os encontros, senti a verdade da frase de Paulo Freire: “A experiência é rica quando aprendo com todas e fica mais bonito a troca do ensinar/aprender e aprender/ensinar”.
Acho que mais do que as minhas palavras, quero deixar o registro da carta de Dulce de Bellis, uma querida aluna. A ela e a todas que compartilharam tantos momentos especiais, fica meu agradecimento especial, meu carinho e minha alegria.
“Fechou-se a cortina…
Ouvem-se os aplausos à nossa querida Suely Tonarque no encerramento do seu lindo curso. Quanta dedicação a nós, suas alunas, que tanto aproveitamos e apreendemos com sua arte de ensinar!
Uma nova visão no vestir, enfeitar e cobrir a pele, nesta idade que parece que causa espanto se deixarmos de ser convencionais.
A alegria de nos espelhar nas cores, na leveza dos tecidos, nas roupas mais soltas, mais esvoaçantes que dão mais liberdade.
Agradeço todo contexto cultural que nos proporcionou: nos motivou a pensar, a refletir e a analisar ao longo do curso com mais conhecimentos relacionados à nossa faixa etária.
Adorei o livro “Espelho de Machado de Assis”!
Jacobina, personagem do livro, projeta sua imagem no espelho através do olhar dos outros. O espelho é a representação do jogo do ser e do parecer.
Sem a farda de alferes, Jacobina perde sua identidade.
Como narrei na primeira aula, quando me apresentei, disse: – Sinto-me invisível na rua. Mas quando olho no espelho, me vejo como sou e gosto do que vejo; ao contrário de Jacobina, eu sinto a minha própria identidade, independente da roupa refletida no espelho.
Adorei tudo no curso. Obrigada, amigas participantes: foi ótima nossa convivência. Obrigada Cris, que nos conduziu nas aulas e no grupo.
E, acima de tudo, gratidão à Suely Tonarque, seja muito feliz”.
Dulce de Bellis
(*) Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga, especialista em moda no envelhecer e faz parte do Grupo de Reflexões do Ideac