Por Suely Tonarque (*)
Uma das belezas da vida é saber envelhecer; é aceitar o envelhecimento; é a alegria de poder viver e envelhecer.
Cada vez mais, o envelhecimento vem se tornando um assunto que pertence a cada indivíduo e, na mesma sintonia, ao coletivo: é o rumo “comum” de todos nós, uma regalia de quem goza a vida.
“…eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista.
O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece…”
(Força estranha, Caetano Veloso)
Uma criação que nos coloca diante da relação entre o tempo subordinado ao relógio (Chronos) e a arte do viver (Kairós).
Aos poucos, como um conta-gotas, surgem as modificações: os sinais aparecem quando olhamos no espelho. E, pronto! – Não me reconheço… Sou eu?! – Sim, é você, como escreveu Simone de Beauvoir em seu livro, “A Realidade incomoda” (Volume I, 1976):
“A aparência do nosso corpo e do nosso rosto nos fornece uma informação mais segura. E como contrasta com a dos nossos 20 anos! Só que essa transformação é gradual e mal nos damos conta dela”.
Fazemos parte de uma sociedade das aparências (uma grande maioria), hoje frestas se abrindo, alguns furinhos entrando luz – bem, seguimos em frente – Envelheça!
A angústia surge com o passar do tempo e as rugas estão lá me apresentando velha. Não aceito! Vou procurar o bisturi ou o divã? Mais fácil o bisturi, pois estou velha, perdi o brilho… Na antiguidade, isso era sinal de sabedoria, profundidade e experiência…
Nós, mulheres, somos mais sensíveis para perceber a passagem do tempo – o biológico: menstruação, maternidade e menopausa – sendo que a feminilidade está associada à beleza e à juventude.
Sumir com as rugas nos causa a fantasia de termos limpado os sinais reveladores dos anos vividos; surge um sentimento (falso) de ter enganado o tempo: Resgatei o tempo na aparência… Agora vou encontrar um amor, por exemplo.
Nos homens, a grande maioria descasa e casa com uma mocinha 30 anos mais jovem. Isso leva à ilusão de começar tudo de novo: quanto mais jovem a parceira, mais jovem eles vão se sentir “jovens para sempre”. Uma busca eterna da juventude para nunca se aproximarem da velhice. Será???
“… E é como se eu descobrisse que a força
Esteve o tempo todo em mim
E é como se de repente eu chegasse
Ao fundo fim…”
(De volta ao começo, Gonzaguinha)
(*) Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer)
Saber envelhecer é sempre necessário!
E você Jader, está sabendo envelhecer? Acha que seus pacientes estão sabendo envelhecer?
Uma forma linda de descrever o envelhecimento e aceitar o maravilhoso fato de estar vivo! Su, vc está belíssima e vibrante na foto! Amei!
Obrigado pelo retorno e carinho Tatiana. Nossa Suely sempre nos surpreende com sua criatividade. Abraços
Parabéns Ideac e toda equipe por colaborar e acrescentar em temas e vivências tão importantes. gosto muito de acompanhar o Ideac e quando possivel, participar de seus cursos , palestras. Suely Tornaque, sempre graciosa nas suas expressões, ideias e passagem de conteúdo, combina com sua vestimenta, despojada da seriedade mas extremamente elegante na sua proposta. Abraço Forte, Francine
Obrigado Francine pelo retorno. VocÊ está sempre presente em nossas atividades, redes sociais e é uma amiga querida. Abraços