Por Yaya de Andrade
Participei de uma discussão com uma psicóloga budista de Israel muito interessante em vários pontos de vista, assim como outras apresentações, por exemplo, sobre o conceito fundamental do budismo que é o amor. Celebramos quando “acordamos” para uma experiência que na o tem forma especifica, mas é tangivel e manifesta de muitos jeitos. Vivemos situações onde confiamos no outro, deixamos de lado velhos condicionamentos e duvidas, e descobrimos que amamos.
Em dezembro celebramos “Bodhi Day”, uma data especial para quem tem pratica budista. Foi quando Buda se iluminou, e ouvimos a história do acontecimento durante um encontro da “Global Sangha” (um grupo internacional de praticantes de Amida Buddhism).
Um poema lido, lindo, foi lido sobre o caminho espiritual, nada à la Compostela. Nossa vida está sempre cheia de jornadas (não nas estrelas) onde encontramos pessoas, e cada uma nos mostra algo importante, relevante para nossa vida. Consideramos todos e tudo? Olhamos e percebemos o que estamos vivendo?
Todos os caminhos levam a descobertas e sabemos que somos vulneráveis, mas nos tornamos consciente e com fé, mesmo sabendo que tudo não é fácil. Todos os encontros são “sagrados” e valem a pena. E, como a vida, são impermanentes.
Nossa discussão sobre psicologia e budismo me levou a refletir sobre os cursos e personagens que aprendi, a história da psicologia que estudei, as teorias, os conceitos, a patologia, o inconsciente, o papel que representamos com clientes, de “curadores” e nem sempre cultivadores ou cuidadores.
Encontros são importantes, e nosso papel não é apontar o que é certo ou errado, mas permitir reflexões em diálogos dialéticos. O enfoque em técnicas (algo que eu sempre gostei de ter a mão) e procedimentos garantem que comportamentos, pensamentos e sensações podem mudar e ajudar outros nesse sentido, trazendo maior significado. Mas no final do dia a gente descobre que somos todas pessoas comuns, não importa o papel ou a roupa que vestimos.
Ser psicóloga ou ser profissional não me parece ser importante porque isso é como um uniforme, um papel que nos dão na vida, de filha, mãe, esposa, médico. Para budistas, o processo importante na vida está no amor. E deixar de lado nosso “ego” e olhar pra fora, pro alto, pro outro… mediando relações que sempre valem a pena, acreditando e meditando naquilo que nos dá uma forca espiritual.
As qualidades humanas e os códigos valem a pena seguir (acho que votos de monges soa similares a código de ética e condutas profissionais); as metáforas e histórias que contamos talvez gerem consciência; a gratidão e compaixão que demonstramos ficam na memória. Mas existem barreiras, porque como animais, nosso cérebro tem caminhos que reagem como magneticos para coisas negativas, dai a importância da iluminação, e descoberta do amor pela vida, pela natureza, pelo mundo em paz.
(*) Yaya de Andrade – Safety & Well-Being da Canadian Red Cross
foto: Ittipon | Dreamstime.com