“Moda é algo profundo, complexo e simples ao mesmo tempo; é algo que envolve a imaginação, que envolve o corpo, a alma; é algo que deixa a vida mais bela”.
Baseado no livro O Evangelho de Coco Chanel; Karbo K. Seamon, 2010, SP)
Suely Tonarque (*)
Um ato de arte com amor faz com que a criatividade seja única: o potencial próprio a cada um de nós. O processo criativo de cada artista – pintura, grafismo, caricatura, poemas, filmes, livros, produtos (sapatos, bolsas, vestuário, entre outros) é daquele que, ao olhar para o …, ao refletir sobre…, concretiza a obra (seja ela qual for!). É a realização do sonho através da sensibilidade, percepção, intuição, imaginação; é a conexão do “eu” com o Universo; é a delicadeza de intuir o que é belo.
A inspiração escolhe ficar só com a esperança de ver a própria criação. O vestir o corpo passa pela valorização do estilo e do gosto de cada um, respeitando características naturais do envelhecer. Nosso corpo vai se transformando com a passagem do tempo e é preciso conhecer, respeitar e aceitar as mudanças, investindo em liberdade e conforto. Nosso corpo contém a nossa história. Não há regras ou modismos, mas identidade.
Criar uma peça de roupa faz o nosso olhar diferenciado dos demais. Não é determinar moda, é a desconstrução da moda no seu vestir. O que procura ao vestir o seu corpo, que é o bem maior e que precisa ser cuidado? A escolha é se vestir com amorosidade, é colocar uma roupa e ficar bem. Quem cria moda para pessoas mais velhas deve respeitar esse olhar.
Sempre penso que há algo divino no mundo da moda. É o meu mundo, mas consigo enxergar lampejos de dedicação, respeito e amor pelo ato da criação. É preciso folgar os nós para encontrar o caminho, até mesmo na moda.
(*) Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer. Faz parte do Grupo de Reflexões do Ideac
Se eu quiser falar com Deus
Gilberto Gil
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar, vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Suely, seus textos chegam direto no coração, moda é vestir o amor pelo corpo e pela vida! Parabéns
Suely é um pouco disso tudo, coração, moda, corpo, vida. Abraços Tati
O seu olhar nos surpreende! Aprende-se com você!
É verdade, um aprendizado com seu olhar para a arte, para a vida, para o corpo