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Como encaro o envelhecer

Por Marli Corrales Henriques (*)

A velhice é hoje, este momento da minha vida, sou velha, tenho 74 anos e o tempo passou…

Ao me olhar no espelho, implacável, vejo rugas, cabelos brancos, pele flácida, marcas que o tempo deixou. Esta percepção não me leva a queixas ou lamurias: Nossa quantas rugas!  A cabeça está toda branca! E essa pele? Verdade, esta percepção faz parte de minha autoimagem, mas e a minha vida se resume nas marcas do meu corpo?

Não, isto não me define. Me vejo feliz ao olhar para traz e perceber o que foi construído, buscado, lutado. São 74 anos, não é pouco.

Gosto muito de pensar em um dos aspectos propostos por Maria Célia Abreu em seu livro Velhice – Uma nova paisagem: “…Prefiro imaginar que a vida, em vez de ser uma montanha que se sobe e depois se desce, é uma estrada que se percorre, sem possibilidade de voltar atrás. Vai atravessando terrenos diversos, com características diferentes e ao viajar por ela precisamos nos adaptar a cada nova paisagem.”

Quantas paisagens transcorridas nesta viagem, nesta estrada, momentos de grande exuberância e outros com aridez e dificuldades. Mas percorrida com força, com fé, com apoio, com aceitação. Mas também vencida.

A vida é o aqui e agora, o momento presente, com todas suas cores e nuances. Preocupações, alegrias, esperanças, frustrações e muito mais. A morte é a finalização da vida. Esse olhar para a vida, não quero abandonar.  Para Ana Claudia Quintana Arantes em A Morte é um dia que vale a pena viver: “A vida já é um excelente motivo para vivermos” …

Sim, por isso, vivo cercada pelas pessoas significativas desta jornada; minha família formada, minha família de origem, muitos amigos e todas as pessoas que, em algum momento, estiveram presentes nesta viagem.

Sei que sou privilegiada, pois continuo vivendo com saúde, procurando desfrutar de cada momento com maior prazer e dedicação, nem sempre é fácil. Cuido do meu corpo, da minha saúde e da minha mente com empenho.  Vivo cada momento como se fosse o único, com amor e carinho. Trabalho com muito afinco e dedicação, amo o que eu faço. Convivo com vários amigos, sempre que é possível. Procuro estudar, conhecer, participar ativando meu cérebro.

A velhice traz desafios, nem sempre é possível vivê-la desta forma, também não sei até quando isto será possível. Mas minha luta continua…

 Em suma, reconheço a importância de me cuidar, uma velha como um todo, valorizando a dimensões física, mental, emocional e social. Busco viver um envelhecimento saudável, independente, com qualidade de vida e bem-estar geral.

(*) Marli Corrales Henriques é psicóloga infantil e integrante do Grupo de Reflexões do Ideac