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Kairós, o tempo que não pode ser medido

Por Suely Tonarque (*)

“A beleza é a verdade; a beleza da verdade – isso é tudo.

Você descobre na terra; é tudo que você necessita saber”.

 O ciclo de vida completo – Erik H. Erikson (cap. VII, pág. 106)

Segundo a mitologia grega, Cronos ou Chronos é o nome dado para a personificação do tempo, a definição do tempo cronológico e físico, compreendido como os anos, os meses, os dias, as horas… Eu, por exemplo, tenho 72 anos e nasci no dia 18 de julho de 1951.

Por sua vez, Kairós significa o momento certo, “oportuno”; é o tempo que não pertence a Chronos, um tempo que não pode ser medido, previsto ou cronometrado.

Falo do tempo para contar a experiência de participar com as roupas da minha grife do desfile do dia 02/10/2023, durante o 8º Fórum sobre o Envelhecimento do Colégio Prisma, em São Paulo, que convidou as avós dos alunos para a passarela.  As modelos escolheram um “tempo” (Kairós) onde tudo pode acontecer, independente da idade (50, 60, 70, 90…). Elas se permitiram e ousaram as possibilidades da surpresa, do novo, do imprevisto e de algum sonho guardado na memória: ser “modelo”, mesmo por segundos no tempo (Chronos).

Elas vestiram as roupas e as emoções de estar ali e desfilaram com elegância e delicadeza ao som de “Fico assim sem você”, de Claudinho & Buchecha. Foi muito bonito acompanhar de perto. O meu agradecimento com afeto e contentamento à Suzana Torres e à Maria Helena Santuche, que idealizaram e trabalharam por esse evento.

Um trecho da música representa bem a questão do tempo:

“Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil autofalantes
Vão poder falar por mim”

Depoimentos

Alguns depoimentos das futuras modelos ou algumas declarações das pessoas que se permitiram ou se autorizaram por questões de segundos realizarem o desejo de subir ao palco com holofotes, dar uma parada, virar para os lados e seguir em frente…

Coajosas, determinadas, desafiando os medos para concretizar um sonho. Naquele momento, todas foram protagonistas na construção de suas histórias, apresentando e representando um novo papel para os netos, ciclo de amigos, para a família, para a sociedade: tudo se torna possível quando me permito, quando autorizo o meu sonho.

Confira:

Rosilene M. Arriola (62 anos): “No dia da seleção dos vestidos, escolhi três que eram confortáveis, com cortes modernos e que transmitissem a energia e traços da minha personalidade. O primeiro me encantou pela cor vibrante e pela leveza no caimento. Era um vestido rosa; coloquei a echarpe florida e um tênis, deixando o look leve, descontraído e alegre. Eu me senti uma verdadeira modelo iluminada e iluminando!

Obrigada pela oportunidade, Suely, querida: amei o bate-papo! Seus vestidos só reforçam o que eu penso sobre a maneira de me vestir, usar algo confortável para me sentir bem com as cores que me agradam e não me importando que apareçam minhas cicatrizes – que a vida me deu porque cada uma delas tem uma história e uma experiência”.

Maria Genoveva Piccinin (74 anos): Sentiu-se confortável e elegante: parece que o vestido foi feito para ela.

Elisa do Prado (66 anos): Ficou encantada pelo modelo do vestido, pois não marcou o corpo; tecido leve e fluído.

Carmen Nobili (82 anos): Achou que o vestido dava movimento porque pode ser usado de duas maneiras, além de ser leve e confortável.

Alzira Esteves de Almeida (70 anos): Sua escolha foi pela cor e pelo tecido, e se encantou pelo detalhe do bordado.

Conceição Deffune (74 anos): O primeiro olhar foi o modelo – moderno, elegante, tecido macio e agradável na pele.

Francisca Pereira Tavares (65 anos): “Tecido leve e a cor ‘chique’, discreto”.

Stella Rapello (57 anos): “Escolhi pela cor e pelo tecido; desfilei com o laranja e o verde: as cores me chamaram a atenção”.

Odilia Moreno (67 anos): “Escolhi o modelo azul em tecido encorpado e outro vestido esvoaçante, em 2 tons de lilás: foi uma experiência, uma honra inesquecível participar desfilando modelos que são verdadeiras obras de arte, desenvolvidos artesanalmente pelo ateliê Dudabyduda”.

Joana Juliana Mascarenhas (90 anos):

“O 8º Fórum sobre o Envelhecimento no Prisma – um acontecimento que inclui as alunas e convidam todas a participarem. Desta vez, não foi por menos: o auditório estava repleto com as alunas e seus familiares. Tudo estava brilhando!

A orquestra LBV deu início ao evento com músicas e alegria sobre como sobreviver na maturidade. Naturalmente, as organizadoras fizeram discursos e introduções para que o evento acontecesse com amor…

E foi coroado com o desfile das alunas e com as roupas da Suely Tonarque: todas as senhoras maduras desfilando com roupas lindas; também participei de pantalona com kaftan. Em destaque, a Sra. Suzana deu luz para o evento e D. Maria Helena nos fotografando, terminou a festa com um coquetel”.

(*) Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envellhecer