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Respeito é fundamental sempre

Maria Celia de Abreu (*)

O idoso, ou o velho, como prefiro chamar, não deve ser vítima da falta de respeito, ou falta de uma reflexão sobre o respeito que lhe é devido, mas não precisa ser uma vítima passiva. Ao contrário, pode tomar para si a tarefa de educar os seus próximos. Com firmeza, paciência e tenacidade, e não com gritos, agressividade, irritação, ironia ou maldades, como cabe a um educador. Vai acabar conseguindo bons resultados

Nesta sociedade na qual idosos costumam ser considerados cidadãos de segunda, o respeito nem sempre é um valor lembrado. Mas também ocorre que há pessoas bem-intencionadas, mas que não sabem como expressar respeito, confundindo-o com expressões de carinho ou de intimidade; há os que não percebem que estão sendo invasivos, autoritários ou inadequados.

 Só não vamos confundir o lutar por ser respeitado com teimosia ou falta de compreensão de uma situação global complicada. Vejamos alguns exemplos. Se ser tratado de “vovozinho/a” o incomoda, o idoso deve dizer com delicadeza, mas claramente e com firmeza: “Eu prefiro que me chame de “seu” Fulano, de dona Fulana; não sou vovozinho/a”. Ou em outra situação: “Não gosto de ser tratado como criança; não precisa falar comigo como se eu fosse um bebê para eu saber que você gosta de mim”. Quem sabe, ainda: “Você não precisa fazer isso por mim, porque posso fazer sozinho; se eu não tiver nada pra fazer, vou me sentir inútil; só tenha paciência porque faço devagar”.

 Ao expor seu modo de pensar, dizer o que o incomoda, explicar como o outro pode fazer e expressar com clareza como se sente, o idoso vai ensinando aos seus próximos como podem ser carinhosos e atenciosos sem deixar de serem respeitosos. Como todo educador, o idoso vai ter que se repetir, sem desistir nem perder a paciência, pois às vezes as pessoas demoram a aprender, e podem ter retrocessos.

Quem não se considera um cidadão de segunda categoria adota a postura saudável de batalhar para se fazer respeitar, ao invés de cair na armadilha, sem objetivo, de ser passivo, engolir o sapo ou exercer pequenas vinganças.

(*) Maria Celia de Abreu é psicóloga, coordenadora do Ideac e autora de “Velhice, uma nova paisagem”

foto Jader Andrade