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Aproveitar a vida é …  procurar novos caminhos

“Por volta dos 50 anos ou um pouco mais, a casa está um pouco vazia. Cada filho tomou seu próprio caminho.

Transformar os quartos desocupados em estúdio para pintura? Para  a prática de karaokê? Ou para sala de leitura ou estudos?

Com alguns anos a mais, ao invés de subir rapidamente pelas escadas aos novos quartos, presto mais atenção aos degraus e vou menos lépido. Ao descê-las, imperceptivelmente, passo as mãos ao corrimão.

Ao subir  na cadeira ou sobre a escadinha para apanhar algo na parte superior do armário, presto atenção ao equilíbrio corporal.

Ao levantar da cama, sento-me e dou uns 40 segundos, antes de levantar para ir escovar os dentes.

No quintal da casa, plantei coentro, hortelã, morango, morango, fisális e algumas flores. Cuido-os como seres vivos, regando, retirando as ervas daninhas ou apreciando-os com interesse ou carinhosamente. Reparei como as abelhas pousam rápida e habilidosamente sobre os passarinhos (uma flor bem miudinha que dão em cachos na cor rosa vívida) para retirarem o néctar. O mel deve ficar muito delicioso…

A primeira rosa única, branca com pintinhas vermelhas, muito bonitinha (mas sem perfume) da roseira daqui de casa, recolhe suas pétalas com a vinda da noite ou com a chuva. Ela se fecha. Com surgir do sol ou o cessar da chuva, ela se abre novamente para receber luz e calor.

Engraçado, vivi minha infância em zona rural, mas não tive o mínimo interesse por plantações…

Há aqui uma ciclovia onde faço minhas caminhadas (quando não chove). Há nas beiradas, entre outras plantas, nogueiras, figueiras, videiras de uvas vermelhas e verdes, além de amoras selvagens (mas são deliciosas).

É uma delícia tirar as frutas de seus pés e comer na hora…Minha preferência é pelos figos; tanto faz se das roxas ou das brancas.

Aprecio nas caminhadas a paisagem com as montanhas verdes e vivificantes no verão e na primavera. No outono ficam com variadas tonalidades de amarelo em meio a um pouco de verde, ainda. E no inverno, cadê a folhagem?

Nesta ciclovia, as pessoas cumprimentam-se, mesmo o ciclista só ou em grupo.

Já andei ganhando hortaliças e uvas (neste ano houve poucas: alguma coisa com o clima…

Praticamente todos os dias, na pastelaria que elegi como minha preferida, como um pastel (é qualquer doce, não um pastel, propriamente) e tomo um cafezinho com leite aquecido (se não especificar assim, lá vem cafezinho frio ou morno: inadmissível, não?). Levo daí pães bolinhas pra casa. (equivalentes ao pãozinho francês).

Procuro falar ou estabelecer interações com as pessoas daqui, especialmente os vizinhos (havia uma de 103 anos, morou no Rio de Janeiro mais de 30 anos e amava o Brasil: brigava com quem falasse mal do brasileiros).

Relacionamentos significativos e que me fazem bem continuam sendo com as pessoas que deixei para trás e que estão longe em São Paulo: amigos, irmãos alguns parentes e minha mãe”.

Ezio Okamura, psicólogo