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CASAMENTOS DURADOUROS

CASAMENTOS DURADOUROS

Maria Celia de Abreu
São Paulo, 30 de abril de 2021, retomado em 02 de junho de 2023.

Embasada no conceito do psicólogo e psicanalista Erik Erikson, de que o desenvolvimento da personalidade humana pede o cumprimento de uma sucessão de tarefas psicossociais, andei buscando questões em relação às quais pessoas mais velhas, como eu, poderiam ajudar pessoas mais jovens a tomar decisões acertadas: usar a sabedoria para ajudar outrem é uma das tarefas psicossociais das fases posteriores da vida. 

Ocorreu-me alinhar algumas reflexões sobre o tema do casamento, e mais especialmente de casamentos duradouros. Talvez o gatilho para entrar nesse assunto tenha sido a lembrança de que o meu próprio, em poucos meses, completa 49 anos (e me faria muito feliz se pudesse perdurar por mais 49!…). 

Começo deixando claro duas coisas. Quantidade não é um bom critério para se julgar qualidade: não é por ser longo que um casamento é bom; e chamo de casamento todo relacionamento estável entre duas pessoas, independente de terem ou não assinado documentos com validade civil ou se apresentado diante de autoridades religiosas para selar a união. 

Com esse assunto na cabeça, andei fazendo umas observações dentre meus próximos: familiares, amigos, parceiros de trabalho… os participantes do meu muito querido Grupo de Estudos e Reflexões sobre o Envelhecimento, do Ideac, que se reúne às terças-feiras, cada qual com uma história de vida diferenciada, mas todos cidadãos ativos, pessoas estudiosas, amorosas, construtivas, éticas e bem humoradas. 

Lembrei também de uma série veiculada pela Netflix, Meu Amor, que assisti há algum tempo; são oito episódios, cada um deles documentando o cotidiano de um casal de idosos de um país. Todos eram casados há muitos anos, levavam uma vida simples, sem sofisticações ou luxos. Os oito casais trabalhavam – alguns para sobreviver, outros por necessidade psicológica, procurando dar um significado à vida. As relações com filhos existiam, mas não eram especialmente próximas. Faziam juntos, um com o outro, muitas atividades. Chamoume a atenção o carinho mútuo, manifestado pelos cuidados diários com detalhes do cotidiano. Eram pessoas bem-humoradas. Nas falas, mencionavam que haviam atravessado mudanças, muitas transformações. Ou seja, o amor que existia dentro de cada casal tinha sido longamente adubado. 

Fica a pergunta: qual é o segredo para um casamento, ao mesmo tempo, ter qualidade e ser duradouro? E outra pergunta: estar longamente casado é o que há de mais desejável para uma pessoa? 

Então, vamos lá: quais foram minhas conclusões? 

Não há indicação possível para um casamento ser satisfatório e duradouro. Cada pessoa, cada casal, cada situação pede condições diferentes. O que é bom para um não precisa ser bom para outro. Fórmulas não funcionam.

 Não são respostas. Tudo o que digo daqui em diante são sugestões. 

Talvez por ser psicóloga, acho que convém ampliar o autoconhecimento, investir nele. Isso dá base para se refletir e tomar as decisões mais adequadas a nós mesmos.  

Há quem sinta o casamento como uma perda de liberdade; são pessoas para quem esse é um valor prioritário, a liberdade está no topo da sua lista de valores; Ora… vamos combinar: estas não são talhadas para um casamento nos moldes tradicionais mas não há nada de errado com elas. 

Outras já percebem que não gostam de ficar sozinhas; têm necessidade de compartilhar, de dividir, de ter companhia, sendo essa necessidade mais forte do que a vontade de ser livre. Quem sabe, a interpretação do conceito de liberdade seja diferente para estes dois grupos. Vamos combinar de novo que com estas pessoas também não há nada de errado.

Quer passar por um “teste” que inventei, para ajudar a decidir sobre a prioridade desses dois sentimentos, a liberdade ou a solidão? 

Vamos lá: sem esquecer de carregar com você sua bagagem de bom humor… imagine-se num tempo futuro; você chega em seu apartamento, à noite; entra; suas chaves jogadas sobre uma mesinha fazem o único barulho que corta o silêncio; o apartamento está às escuras, você acende luzes; ninguém vai aparecer, porque só você mora nele. 

Essa situação gera mal-estar, angústia, desespero? Invista suas energias em encontrar um companheiro/companheira com quem dividir seu espaço!!!!… 

Porém… 

ela gera paz, prazer, alívio, liberdade? 

As pessoas tanto podem se ater às normas tradicionalmente aceitas para formar um casal modelo, como podem encontrar regras de convivência que funcionam para elas, e talvez não funcionem para outro casal. Sofrerão pressão de indivíduos e de grupos, ouvirão críticas, mas… por que não ser criativos? Ao longo do tempo, o peso da gratificação trazida pela convivência provavelmente será maior do que das dificuldades enfrentadas.

Concluindo, há dois pontos extremamente importantes para que decisões de vida sejam acertadas: um é o autoconhecimento; o outro é estar atento para não se submeter a preconceitos que empobrecem as opções de relacionamento.  

Via de regra, é preciso que alguns valores sejam compartilhados por ambos:  hábitos, preferências e costumes, embora seja fundamental praticar a tolerância. A cumplicidade. A confiança mútua. Admiração. Gratidão. Essas atitudes são bons indicadores de que um relacionamento será duradouro, ou terá qualidade.  

Outra norma preciosa é que problemas de relacionamento são resolvidos dentro do relacionamento; buscar válvulas de escape lá fora é um ótimo caminho para criar mais problemas……não uma solução. 

Antes de terminar, uma sugestão para quem vai iniciar um relacionamento: ajuda muito ter dentro de si, bem firme, uma decisão: a certeza de querer permanecer casado/a. Dificuldades virão; mas se essa certeza existe, as estratégias para superá-las acabam aparecendo. É saudável se adaptar às circunstâncias, desde que elas não atentem contra sua dignidade. 

Espero que meu texto seja estimulante para suas reflexões e útil para tomar decisões! 

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