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O poder das frestas

Rezadeira, benzedeira, curandeira… Minha mãe que ensinou! Assim que ela morreu, fiquei no lugar dela para continuar “atendendo” as pessoas que nos procuravam: quem acredita no ofício deste saber popular que é transmitido pelos antepassados, dos passados para os presentes e dos futuros continuarem; quem se compromete com o compasso do passado, presente e futuro.

Às vezes, quando as pessoas não conseguem vir, vou até a casa para proteção, mal olhado, entre outros. – “Não aprendi a escrever, mas aprendi a curar: esta é a minha profissão desde que nasci”. Tudo que faço é com fé – quando você reza, é um ato de amor – No presente me ajuda e, para o futuro, é importante passar o saber popular.

E o diálogo acontece… Para cada amiga que me procura, assim nasce a amizade e as trocas de sabedorias. Este é um presente que agradeço sempre: saio do meu mundo e vou ao encontro de quem me procura. 

Sei benzer, rezar, curar e escrever meu nome – Antonia – mas, nunca fui à escola e me orgulho do meu ofício. Crenças, hábitos, símbolos: todos os saberes são transmitidos pela oralidade. Uma cultura popular que esbanja liberdade para ser transmitida pelo jeito de cada um. Isto é o respeito ao ser – pedreiro, encanador, eletricista, pintor. – “Aprendi com o meu pai e gosto da minha profissão”.

Fui convidada pela Maria Célia de Abreu para conhecer a pesquisa de doutorado de Leandro de Oliva Costa Penha – dia 11/08/2023 – no prédio central da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Título da tese: Das frestas dos muros: o ensino da arte em diálogo com o território, a partir de Paulo Freire. Em breve, estará disponível para consulta na Biblioteca Digital da USP e, em 2024, será publicada como livro. 

Os pequenos raios que iluminam o dia a dia e que embelezam as relações são as frestas através das quais conseguimos ver quase tudo ao seu redor e, às vezes, à distância.

 

A poesia é a fresta…

É aquela brecha…

É o que nos salva

É o que nos resta!

 

(Alexsandro Braga)

 

Leandro nos mostra através de seus estudos/pesquisas a inteireza, misturando com ternura, afeto, tolerância e descobertas a condição do que é possível, do que pode acontecer: a conversação, a fala e a escuta, o olhar com amorosidade e sem reprovação, o convívio a partir das diferenças. Cuida, através de diálogo com o território da escola pública, introduzindo o cenário local – com troca, transformação, persistência, esperança, construções nas relações, respeito dos saberes populares, conjugando o verbo refletir sobre a prática e a teoria.

Leandro aborda, com sua delicadeza e sensibilidade, a rica experiência da política educacional freiriana na cidade de São Paulo (1989-1992), relacionada ao ensino da arte, dentro e fora da escola pública, à formação constante do docente, ao diálogo e à integração da comunidade.

O presente é ouvir. O passado é a memória. O futuro é possível: esta foi a benesse da sexta-feira ao aceitar o convite da Maria Célia para entrar aos poucos pelas frestas do mundo do Leandro. Obrigada por redescobrir tantos possíveis sonhos e projetos.

Redescobrir

(Elis Regina / Compositor: Luiz Gonzaga do Nascimento Jr)

Como se fora brincadeira de roda (memória)
Jogo do trabalho, na dança das mãos (macias)
No suor dos corpos, na canção da vida (história)
O suor da vida no calor de irmãos (magia)

Como um animal que sabe da floresta (memória)
Redescobrir o sal que está na própria pele (macia)
Redescobrir o doce no lamber das línguas (macias)
Redescobrir o gosto e o sabor da festa (magia)

Vai o bicho homem fruto da semente (memória)
Renascer da própria força, própria luz e fé (memória)
Entender que tudo é nosso sempre esteve em nós (história)
Somos a semente, ato, mente e voz (magia)

Não tenha medo meu menino bobo (memória)
Tudo principia na própria pessoa (beleza)
Vai como a criança que não teme o tempo (mistério)
Amor se fazer é tão prazer
Que é como fosse dor (magia)

Como se fora brincadeira de roda (memória)
Jogo do trabalho, na dança das mãos (macias)
No suor dos corpos, na canção da vida (história)
O suor da vida no calor de irmãos (magia)

Como se fora brincadeira de roda (memória)
Jogo do trabalho, na dança das mãos (macias)
No suor dos corpos, na canção da vida (história)
O suor da vida no calor de irmãos (magia)

Como se fora brincadeira de roda (memória)
Jogo do trabalho, na dança das mãos (macias)
No suor dos corpos, na canção da vida (história)
O suor da vida no calor de irmãos (magia)

Como se fora brincadeira de roda
Jogo do trabalho, na dança das mãos
No suor dos corpos, na canção da vida
O suor da vida no calor de irmãos

Como se fora brincadeira de roda
Jogo do trabalho, na dança das mãos
No suor dos corpos, na canção da vida
O suor da vida no calor de irmãos

 

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