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CONVERSAS SOBRE IDADISMO – Rumos necessários e um apelo

CONVERSAS SOBRE IDADISMO

Maria Celia de Abreu
São Paulo, junho de 2023

Quinto texto: Rumos necessários e um apelo

Rumos necessários

Penso que a nossa sociedade necessita combater ativamente o idadismo e enveredar por novos rumos. Superar os desajustes que alienam do velho os seus direitos é um desafio, e é necessário encontrar respostas com urgência, uma vez que a longevidade está chegando com rapidez. 

As ciências precisam desenvolver muitas pesquisas. Nós sabemos que isso requer condições prévias que podem ser bem complicadas: a formação do cientista, que é um processo longo e caro, o investimento em tecnologia para o cientista poder trabalhar, a destinação de verbas etc. 

Dispondo de respostas trazidas pela ciência, as ações de políticas públicas serão mais efetivas, o que também é complicado, pois as descobertas feitas pela ciência precisam ser disseminadas e implementadas, e isso atendendo a carências as mais diversas, relembrando que o grupo demográfico dos velhos é heterogêneo. 

Os meios de comunicação precisam deixar de propagar representações negativas de velhos. Campanhas publicitárias precisam ser lançadas com esses objetivos. Quando se consolidar o reconhecimento de que o grupo etário dos idosos representa uma força de consumo, teremos uma boa ajuda nesse sentido. 

Empresas precisam reavaliar suas políticas de aceitação de trabalhadores mais velhos, levando a sério recomendações que já aparecem na Política Nacional do Idoso (1994) e no Estatuto do Idoso (2003); tendo condições propícias às suas características, trabalhadores mais velhos trazem benefícios para as empresas. Dentro do ambiente de trabalho o velho é capaz de se engajar inteiramente, tem probabilidade de ser mais confiável e de encarar o estresse melhor que o jovem. 

Profissionais de quase todas as áreas, mas em especial da saúde, precisam ser instruídos para lidar adequadamente com clientes velhos. Portanto, as escolas vão ter que modificar seus currículos e os professores vão ter que estudar o desenvolvimento humano. 

Um apelo

Para terminar este conjunto de informações e reflexões sobre o idadismo, vou fazer um apelo. 

Vamos parar de categorizar usando como critério a idade cronológica.  Vamos reconhecer a importância da sabedoria, da experiência, da vivência, de se estabelecer um tratamento respeitoso e reverente ao velho, que lhe confira dignidade. 

Primeiro, um apelo para a própria pessoa idosa: é preciso educar-se para ser velho. A pessoa idosa precisa estar alerta para que perceba e combata seus próprios preconceitos. 

Também é preciso sensibilizar as famílias para estarem preparadas para conviver com parentes velhos, e para que seus membros jovens planejem o próprio envelhecimento.  

São necessárias medidas para que a sociedade possa acolher esta nova população envelhecida. Entre elas, capacitar profissionais para que compreendam e façam uma abordagem científica do envelhecimento.  

Numa convivência entre pessoas de todas as idades, com laços que vão além dos contatos de trabalho, estabelecendo relações de afeto e respeito, o idadismo não encontra espaço. Daí, portanto, a importância da convivência intergeracional. Sem piadas ofensivas, sem demagogias, com respeito à individualidade, com trocas e ajuda mútua. Crianças e jovens necessitam entender que velhos são eles mesmos, no futuro. 

Combater o idadismo é uma tarefa difícil demais para se ter vitórias estando sozinho. Grupos que atendem a necessidades específicas de pessoas idosas fazem com que se juntem forças para apoiar quem os frequenta. Participar de um grupo fortalece a vontade de viver, gera o sentimento de pertencer, dá significado à existência, descortina a possibilidade de ser respeitado e de ser livre. Faculdades da Terceira Idade, Conselhos de Idosos, trabalhos voluntários desenvolvidos em equipe são exemplos das muitas possibilidades que cada um pode descobrir, e aderir àquela com a qual melhor se identifica. 

Vamos deixar de viver como no século passado e assumir as condições atuais? Vamos reconhecer a importância da sabedoria, da experiência, da vivência, de se estabelecer um tratamento respeitoso e reverente ao velho, que lhe confira dignidade. Chega de associar envelhecimento com decadência, doença ou defeito. Vamos parar de categorizar os seres humanos usando como critério a idade cronológica. Chega de tomar decisões com base na idade. 

Vamos encerrar este conjunto de pequenos textos, postados aqui no blog do Ideac, com algumas afirmações que, espero, estimulem suas reflexões, caro leitor. O idadismo nega o curso natural da vida humana. O envelhecimento é um processo inevitável e universal da trajetória humana, e a velhice é apenas uma das etapas do ciclo de vida. Todas as fases têm características próprias, mas todas têm o mesmo valor. Cada etapa é apenas uma nova paisagem que se apresenta quando percorremos a estrada da vida.

Foto: Sílvio de Abreu

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