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CONVERSAS SOBRE IDADISMO – Causas do idadismo e sugestões para superação

CONVERSAS SOBRE IDADISMO

Maria Celia de Abreu

São Paulo, junho de 2023

Quarto texto: Causas do idadismo e sugestões para superação 

Já comentamos sobre o uso da palavra idadismo, contamos quem denunciou pela primeira vez a presença desse preconceito, vimos o quanto isso é recente, destrinchamos os componentes de um preconceito, entendemos como alguém pode se tornar idadista, fizemos referência a quanto o idadismo pode ser danoso, e demos uma porção de exemplos de situações que passam despercebidas como idadismo. 

Se nós compreendermos as causas do idadismo, fica mais fácil encontrar caminhos que vão ajudar a combater esse preconceito. Vamos começar lançando um olhar sobre o idadismo do ponto de vista do indivíduo e depois do ponto de vista da sociedade.

Considerando o indivíduo

Quem evita temas relacionados com o envelhecimento, ou quem desqualifica a velhice, normalmente está se protegendo de pensamentos sobre a finitude da vida. Trazer a ideia de morte ao consciente, conviver com essa ideia, preparar-se para o próprio fim… são movimentos difíceis, emocionalmente até insuportáveis para muitas pessoas. 

Mas não é só o medo de pensar sobre a morte que pressiona o indivíduo que envelhece. Há outros fatores que o acuam contra esse paredão, como por exemplo: 

      • a pressão do olhar e do discurso do outro, julgando pejorativamente o velho, 
      • as mídias, endeusando insistentemente corpos com características jovens, 
      • o mercado de trabalho, recusando funcionários em função da idade cronológica… 

Dá para entender que, para responder a essas pressões, nascem no indivíduo algumas necessidades, tais como:

      • recorrer a recursos que disfarcem os traços da passagem do tempo no corpo, uma preocupação que não se refere à saúde, mas à aparência; 
      • identificar-se apenas com grupos etários mais novos, aos quais a pessoa não pertence mais. 

Considerando a sociedade

Um fenômeno que desvalorizou o papel social do velho e, portanto, alimentou o idadismo, foi a migração da economia agrária para a urbanização. 

Ele perdeu a função de transmissor da cultura, repositório da sabedoria, e passou a ser obrigado a conviver com invenções técnicas para as quais não foi preparado e que ninguém espera que domine. A urbanização, junto com a emancipação feminina e a redução do número de filhos, enfraquecem a estrutura de família tradicional e facilitam a depreciação do papel social do velho. A mulher e o jovem agora saem de casa todo dia, para estudar e trabalhar, tarefa que antes era só do homem, e a pessoa idosa, excluída do mercado de trabalho, se achando incapaz de novas aprendizagens, fica só, sentindo-se um peso, humilhada se tiver algum tipo de dependência, assumindo tarefas domésticas que ninguém mais naquela família quer ou pode desempenhar, mas que a ela também não agradam. 

Muitas vezes a única razão de familiares se aproximarem é a motivação de usufruir da aposentadoria da pessoa idosa, o que é uma realidade lamentável.  

Desconhecimento 

Quando o tema é envelhecimento, uma condição se faz presente com assiduidade: a ignorância. Essa é uma condição básica que alimenta o idadismo. É possível entendê-la, mas não dá para aceitá-la. Vamos procurar entendê-la.

A sociedade do século XXI está se estruturando de forma bastante diferente da do século XX, em termos de demografia, graças à rápida progressão da longevidade e à concomitante diminuição dos nascimentos, e isso tem consequências.  

Até pouco tempo atrás, a presença do velho na sociedade não era numericamente significativa, a ponto de justificar um investimento, seja por parte dos poderes públicos, do mercado ou da ciência.

 A expectativa de vida longa é fenômeno recente, que tem se manifestado em uma velocidade acelerada. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida no Brasil 

      • em 1940 era de pouco mais do que 45 anos, 
      • em 1991 chegava nos 70 anos, 
      • em 2016 batia nos 75 para 76 anos. 

A ciência, por exemplo a Psicologia, só começou a pesquisar com ênfase o envelhecimento a partir de meados do século passado, o que é muito pouco tempo para comprovações cientificas. 

Numa sociedade em que velhos não são reconhecidos como um contingente significativamente numeroso, e onde o conhecimento científico sobre envelhecimento é escasso, a ignorância se dissemina. As falsas crenças preenchem os vazios deixados pela falta de informação, e estimulam o idadismo. 

Foto: Sílvio de Abreu

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