O que é aproveitar a vida para você?
Com 72 anos é possível tornar a vida com as várias possibilidades sobre olhares amorosos: O que é possível ainda? O que eu desejo fazer ou desfazer de verdade? Até onde eu posso, diante das minhas limitações de velha? Os sonhos e projetos são imensos e as escolhas se fazem necessárias, iniciando pelos mais simples, como tornar a vida “leve”. E tem outros itens:
– estudar inglês;
– cantar no coral ou nos bares;
– estudar cinema ou virar uma estrela do cinema, teatro do bairro;
– ler livros que nunca li, como “Em busca do tempo perdido” (Marcel Proust);
– mostrar para o mundo outras formas de vestir-se, ou seja, vestir para si e com arte;
– escrever alguns poucos livros sobre a minha alma;
“Ei, ei, ei! O que é alma? Existe alma?”
Não sei se você entende de alma; sou movida pela emoção do viver os plurais e os singulares da existência. Claro que a alma sou eu…
– Escrever para o mundo que as crianças aprendam a ler e a escrever, fazendo brincadeiras e peraltices. E, para os velhos, escutar as histórias das experiências vividas, guardadas na caixa secreta das memórias.
Aproveitar a vida é torná-la leve, recordar, contar, relembrar os momentos. Risos que vivenciei com meus pais quando tive a oportunidade de desenvolver a minha sensibilidade e, com ela, tentar viver meu cotidiano.
A riqueza de aproveitar a vida e torná-la mais rica é quando temos ainda irmãos e irmãs vivos, amigos, vizinhas, conhecidos e desconhecidos, desafios e problemas.
Entender, compreender com sabedoria a música “Tocando em frente”, de Almir Sater:
“Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz”
Aproveitar com sabedoria o tempo que nos resta, ou seja, o “presente de viver o presente”.
Suely Tonarque, psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer